“Horizon Forbidden West” (2022)

Adorei “Horizon Zero Dawn” o conceito era novo, tudo era novo, e talvez por isso imensamente estimulante. No entanto, quando surgiram os primeiros trailers de “Horizon Forbidden West” não senti propriamente vontade de o jogar, tudo me pareceu mais do mesmo. Por isso esperei mais de um ano para o jogar, e no final o meu receio confirmou-se. Não havia aqui nada de novo para entregar aos jogadores. Visualmente está mais apurado, o que era difícil tendo em conta a enorme qualidade do primeiro jogo, existem mais tribos com diferentes valores, as máquinas estão muito mais robustas e “inteligentes”, mas no resto, o jogo parece um grande DLC. Comecei, e ao fim de poucos capítulos abandonei. Acabei voltando a ele mais algumas vezes, mas só quando cheguei a meio, a história ganhou finalmente tração, e comecei a sentir desejo de voltar ao jogo, queria mais, e por isso ainda bem que não desisti no início.

O jogo abre como um grande mundo igual a tudo o que já conhecíamos, existe muito pouco que realmente atraia o nosso interesse, a não ser o querer voltar àquele universo. Mas se no primeiro jogo tinha acompanhado o crescimento de Aloy, aqui Aloy é já parte do universo igual a todos os outros elementos. A premissa lançada, de que o algoritmo que mantém o biossistema do planeta está infetado e é preciso encontrar uma cópia de backup para fazer reset ao sistema e assim salvar o planeta, é interessante, mas mal explorada em toda a primeira parte. Passamos toda essa primeira parte a encontrar personagens pouco ou nada relevantes, apenas com o intuito de reunir uma pseudo-equipa final para nos ajudar. Digo pseudo porque na verdade Aloy faz, do início ao final, tudo sozinha. Logo tudo não passa de um meio para engendrar narrativa, mas sem relevância para a essência da ação.

Quando Gaia é reativada é quando começa verdadeiramente a nova narrativa, ainda que a estrutura seja um bocado formulaica com a divisão em três grandes blocos a recuperar, mas é a partir daqui que verdadeiramente nos ligamos ao planeta e à IA que o preserva e começamos a desejar contribuir para a causa. Isto é depois amplamente estimulado com o aparecimento dos Zeniths, a tribo que tinha fugido da Terra para outro sistema planetário e está agora de regresso. Do cruzamento entre as questões relevantes sobre o controlo de IA e as questões sobre as diferentes castas sociais do planeta começam a emergir eventos que realmente puxam pelo jogador e fazem com que este deseje ir até ao fim.

No gameplay não há nada de novo, além das máquinas mais ágeis e agressivas que geram momentos de grande ação e impacto. A arte visual está melhorada no domínio da atmosfera, mas senti que se perdeu na performance dos atores, nomeadamente Aloy que em demasiadas situações faz expressões infanto-juvenis que nos afastam totalmente da seriedade do que está a ser discutido. Aliás, todo o tom peca excessivamente por alguma ligeireza no modo como trata todo o universo criado.

Assim, e ao contrário do primeiro volume, que nos tinha apanhado totalmente de surpresa com um universo verdadeiramente pós-pós-apocalíptico, aqui esse universo perde-se em toda a primeira parte, só conseguindo recuperar com Gaia e Far Zenith a partir do meio do jogo, acabando por saber a pouco.

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